terça-feira, 24 de março de 2015

Contagem Decrescente: Bruno Franco

Contagem Decrescente
Contagem Decrescente: Bruno Franco
Classificação: 4 Estrelas

Este foi daqueles livros que despertou a minha curiosidade assim que li a sinopse mas confesso que só depois de ler a opinião da Neuza do Mil Folhas e da Sofia do Delicias à Lareira é que finalmente me decidi e ainda bem que o fiz!


Iniciei-me na leitura sabendo que este era o segundo livro do Bruno e que era a continuação do "O Novo Membro" mas sabia também que fazia várias referências à história anterior e que era fácil apanhar "o fio à meada".

Neste "Contagem Decrescente", o detective da PJ Rodrigo Tavares tem uma missão muito complicada, dispõe de apenas 15 dias para descobrir e apanhar o assassino que anda a cometer crimes verdadeiramente macabros.
A história é bastante fluída e interessante, sempre com um bom ritmo de acção e com capítulos pequenos que nos fazem ir avançando rapidamente na história sem darmos pelo passar do tempo. E gostei bastante do modo como o autor interligou os crimes, com poetas portugueses e D. Sebastião! E acredito que terá dado muito trabalho de pesquisa e de desenvolvimento ao autor, e portanto os meus parabéns por ter conseguido fazer um bom trabalho.
Os crimes são bastante crus e gráficos, o que sendo um policial, para mim, foi uma mais-valia.
Outro ponto bastante positivo, foi o facto de o personagem principal, o detective Rodrigo Tavares ser de raça negra, o que não é muito comum nos livros e foi um ponto que me surpreendeu pela positiva. Gostei também bastante da dinâmica criada entre Rodrigo e Fábio, um com o seu lado mais sério e outro mais brincalhão.
Também me agradou o facto de grande parte da trama se passar na margem sul, entre os concelhos de Almada e Seixal, e aqui sou suspeita, mas porque sou da zona da Almada e foi muito mais fácil visualizar as cenas e reconhecer os locais.

No entanto, tenho também que apontar alguns aspectos menos bons.
A escrita é bastante competente e simples no entanto houve algo que me fez "comichão", o uso da expressão "há x anos/meses/semanas atrás", que se não estou em erro, é algo que não se deve dizer. E porquê? Porque já estamos a dizer "há x anos/meses/semanas" significa que foi tempo que passou e portanto não é necessário o "atrás" (julgo que vi esta explicação no programa da RTP do Diogo Infante - Cuidado com a Língua). É um pouco parecido com o "subir para cima" ou "descer para baixo" (acho que estão a perceber a ideia ;) ).
Existem também alguns comportamentos e comentários cliché, que não me agradaram, nomeadamente do Fábio, Sara e Óscar. Como também a cena inicial do livro!
No capítulo referente ao nascimento de Afonso temos a referência ao uso do telemóvel e, tendo em conta, que Afonso deverá rondar os 28 anos,  pelo que me parece muito pouco provável o uso banal do telemóvel. Se não estou em erro, em Portugal, os primeiros telemóveis apareceram no início dos anos 90, mas só a partir da segunda metade da década de 90 é que o seu uso começou a ser mais "banal", sendo que, pelas minhas contas, Afonso deverá ter nascido no início da década de 80 (talvez 85/86) e portanto teria sido mais normal, o pai de Afonso ligar de uma cabine telefónica.
A par deste ponto, senti falta de uma linha temporal "fixa", isto é, nunca temos referidos os anos das acções e confesso que, a mim, me fez um pouco confusão pois estava sempre a tentar imaginar qual o ano, e qual a idade correcta. Não sei se estou a ser picuinhas ou não, mas prefiro ter uma linha temporal para me orientar, do que indo tendo "pistas", tal como foi o caso da referência a Luís Figo, que só serviu para me baralhar um pouco mais.

Apesar de tudo foi uma leitura bastante agradável, com mais pontos positivos do que negativos, e que me prendeu até ao final. É certo que descobri logo quem era o Flecha (apesar de não ter adivinhado uma parte) mas tal não diminuiu o meu interesse na história.
O final deixa-nos um sabor agridoce pois não temos um desfecho na história e aguça-nos já para o terceiro livro. Terceiro livro esse, que aguardo com muita expectativa pois estou muito ansiosa para saber quem é Valter, o que o move, como tem tanta influência e como sabe sempre tudo.
Apesar de já saber quem é o culpado do caso "Queimador", fiquei com vontade de ler o primeiro livro.
Um bom livro, policial com um pequeno toque de histórico, de um jovem autor português. Recomendo!

8 comentários:

  1. É engraçado que refiras a questão dos tempo. Também andei ali um pouco confusa com as cenas referentes ao Afonso e agora que falas nisso do telemóvel, tens toda a razão. Na altura que li nem me apercebi desse detalhe.

    Mas é como dizes, é uma boa leitura. Também estou muito curiosa com o terceiro. Aquele final... ai ai

    Pelo que o Bruno me disse, ele planeia ainda publicar outro policial antes de sair a continuação desta série. Vamos ver :)

    beijinhos

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    1. Olá Sofia!
      Eu fiquei mais confusa no capítulo do nascimento do Afonso pois pensei que era passado na actualidade e não estava a perceber qual a relevância para a depois e só nos capítulos seguintes que é percebi afinal nos mostravam o crescimento do Afonso. E voltei a confirmar se tinha lido bem a questão do telemóvel.
      Aquele final deixa-nos completamente ansiosas pela continuação.
      Ah é? Então vamos ter que esperar um bocadinho mas espero que esse outro policial seja tão bom (ou ainda melhor) do que este =)
      Beijinhos

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  2. Olá Tita,
    Gostei mesmo muito de ler a sua opinião. E como é da Margem Sul, acredito piamente que viveu a história de uma forma bem diferente. É o que todos os meus leitores que moram aqui dizem, e isso é óptimo.
    De facto tem razão: diz-se "há x anos" e não "há x anos atrás". Foi lapso, mas não vai acontecer novamente.
    Achei curiosa a referência que fez à linha temporal. Quando escrevi o livro não achei que fosse importante por se tratar da história do Afonso, que apareceu em poucos capítulos intercalados com os da história principal. O importante era a idade que ele tinha em cada capítulo. Mas se calhar se tivesse feito alguma referência nesses capítulos tinha ajudado mais.
    Em relação à identidade do Flecha: o grande mistério não é o Flecha ser a pessoa X, mas sim a "outra parte". Isso sim, era a grande revelação do livro!
    Obrigado pela divulgação do livro e garanto-vos que estou a trabalhar afincadamente no próximo que espero publicar. A continuação da série do Rodrigo Tavares será logo a seguir - e está mais adiantada do que possam pensar.
    Até já!
    Bruno Franco

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    1. Olá Bruno,
      Antes de mais, bem-vindo e podes-me tratar por tu, pois o tratamento mais formal faz-me sentir mais velha, e há quem diga que os 30 são os novos 20 =P
      Gostei mesmo muito de a acção se ir desenrolando na margem sul, e foi mesmo isso, vivi tudo de forma mais intensa.
      Acho que só reparei mais na questão "há x anos atrás" por ter algo que apareceu várias vezes ao longo do livro e assim "chamou mais à atenção". E também já fica a nota para uma possível nova edição ;)
      Quanto à linha temporal, senti-me particularmente mais confusa no capítulo do nascimento do Afonso (tal como já comentei acima com a Sofia) e só nos seguintes é que percebi que afinal eram analepses e tinha ajudado, pelo menos para mim, ter uma indicação que estávamos no passado.
      Claro, eu percebo que a identidade do Flecha não era a grande revelação, afinal de contas se íamos tendo alguns capítulos dedicados ao Afonso era porque ele seria importante para a trama. Quanto à grande revelação, surpreendeu-me bastante, e fez-me ainda estar mais ansiosa para saber quem é o Valter e como tem tanto poder.
      Boa sorte para o próximo livro e aguardo ansiosamente pela continuação da série do Rodrigo Tavares ;)
      Volta sempre =)

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  3. Olá,
    Fiquei muito curiosa. Parece ser uma óptima leitura.
    Beijinhos

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    1. Olá Tânia,
      Se gostas de policial, é um livro que vale a pena =)
      Beijinhos

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  4. Viva,

    A minha leitura atual e vou a meio, estou a gostar e não li o teu comentario para não levar com algum spoiler :D

    Bjs

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    1. Olá Fiacha,
      Espero que estejas a gostar e percebo que não tenhas lido a minha opinião, pois também ou não costumo ler ou leio muito a medo.
      Depois de terminares a tua leitura, se quiseres, lês a minha opinião =)
      Bjs

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